
O que é Gestalt-terapia?
A Gestalt-terapia é uma abordagem teórica e prática da ciência psicológica. É um método psicoterapêutico, inicialmente desenvolvido para o atendimento clínico. Reúne técnicas de trabalho e estudos com objetivo de viabilizar às pessoas as condições necessárias para seu próprio crescimento e responsabilidade. É um método de trabalho que se orienta por uma visão integradora do homem, procurando vê-lo como um todo, e não por partes separadas, como um "ansioso", um "fóbico", ou como um "isso" ou "aquilo".
A patologia é apenas mais uma das várias partes do todo que aquele indivíduo é, e sua doença é encarada como a maneira que encontrou para enfrentar situações insuportáveis ou conscientemente inconciliáveis. Nesse sentido, através do estado “doente” a pessoa foi capaz de sobreviver e de chegar até ali, ao ponto em que está. E, assim como houve uma necessidade para organizar-se desta maneira (independentemente da consciência ou inconsciência dela sobre esta organização), a Gestalt-terapia questiona se agora, no momento presente, não haveria outras maneiras, outras formas de viver, que possam atender mais precisamente as necessidades atuais.
Em Gestalt-terapia parte-se do pressuposto que cada indivíduo é único e inigualável com sua específica organização bio-psico-social-espiritual. E o seu funcionamento é sua melhor tentativa de se adaptar às pressões do seu meio. Da mesma maneira que houve uma organização específica para gerar o comportamento patológico, parte-se do pressuposto que estas mesmas forças são potenciais com capacidade para se reorganizarem e se adaptarem de uma nova maneira às situações e necessidades de hoje.
O sofrimento, a dor, a falta, o excesso, a insatisfação, a necessidade, a vontade são o início do processo de busca de satisfação e reequilíbrio do organismo. Um organismo vivo é um organismo em estado de “equilíbrio dinâmico".
O primeiro autor da Gestalt-terapia foi o então psicanalista Frederick Salomon Perls, mais conhecido como Fritz Perls, que lançou o livro "Ego, fome e agressão" em 1942, já contendo uma série de considerações que tinham o objetivo inicial de produzir uma revisão da teoria de Freud.
A publicação do livro "Gestalt Therapy" em 1951 de Frederick Perls, Ralph Hefferline e Paul Goodman é considerada o marco inicial da abordagem gestáltica. Perls e outros psicoterapeutas, como sua esposa Laura Perls, perceberam a importância do conhecimento que a Psicologia da Gestalt (estudo da percepção) trazia e juntamente com outros pressupostos filosóficos (tais como a Fenomenologia de Edmund Husserl, a filosofia Existencial-Humanista e a filosofia Zen-Budista), com a Teoria de Campo de Kurt Lewin, a Teoria Organísmica de Kurt Goldstein e outros pressupostos psicológicos (tais como a influência do Psicodrama de J.L. Moreno) erigiram um campo de conhecimento voltado especificamente para a área clínica.
Sara Glória Costa Possamai, 2017.