Adolescência:
Como a psicoterapia pode ajudar
No início da adolescência, o jovem precisa lidar com as mudanças relativas ao fim da infância e tudo que essa fase implica. E muitos adolescentes vivem essa fase como um processo de luto, já outros sentem curiosidade e motivação com a proximidade de uma vida mais autônoma e independente.
Na fase intermediária, geralmente entre os 13 e 17 anos, o adolescente vive grande tensão e conflito, pois as mudanças corporais e neurológicas acontecem em um tempo e espaço bastante singular, muitas vezes difícil de se fazer entender àspessoas do convívio, e que influenciam na formação e maturação da personalidade.
Já no final da adolescência, o desafio é lidar com as mudanças para a vida adulta, o que demanda senso maior de responsabilidade, ou seja, habilidade de responder às demandas de forma mais autônoma e autêntica.
No contato com o adolescente é possível perceber algumas dúvidas e dificuldades como:
- nas queixas relacionadas ao corpo e a imagem corporal
- nos problemas de integração aos grupos e relacionamento com os amigos
- na alteração da alimentação
- na sexualidade
- em como lidar com sua agressividade
- nas mudanças na relação familiar
- nas mudanças de humor (depressivos, ansiosos, fóbicos)
- no desempenho escolar
A grande maioria dos adolescentes não apresenta um quadro clínico de psicopatologia ou doença mental. Na verdade, grande parte das dúvidas e dificuldades enfrentadas pelos adolescentes são congruentes e sentidas na mesma medida das mudanças orgânicas e da personalidade, que mudam muito rapidamente se comparado ao processo de crescimento de uma pessoa adulta.
O adolescente sente-se exigido a dar respostas na relação consigo mesmo, com o corpo, com os amigos e com a família, sem o tempo suficiente para elaborar essas respostas, pois logo vive novas mudanças! Enquanto está elaborando um aprendizado, logo percebe-se diante de um novo desafio!
E esse sentimento de exigência gera forte tensão e provoca sentimentos e emoções extraordinariamente fortes e potencialmente desorganizadores, como angústia, ilusões, rebeldias, comunicação e atitudes contraditórias, crises de identidade. Não atoa é na adolescência que emerge fortemente a necessidade de formar novos vínculos sociais, experimentar novas e diferentes formas de expressão, na busca de compreender e ressignificar a vida.
Assim, o jovem que vive sua adolescência com integridade, saúde e dignidade, sentindo-se respeitado em sua fase dramática de mudanças, pode agregar tais experiências de enfrentamento à vida adulta, o que promove maior amplitude de percepção, para melhores escolhas no processo de maturidade.
Se uma pessoa da família percebe muitas dificuldades no contato com o adolescente e sente necessidade de orientação e informação profissional, é importante inicialmente marcar uma consulta de Aconselhamento Individual ou Familiar, na qual poderá expor toda a situação e todas as suas dúvidas a uma psicóloga clínica. Caso perceba a necessidade, a psicóloga poderá recomendar e encaminhar para a Psicoterapia.
Nas sessões de psicoterapia com adolescentes a psicóloga vai acolher as questões do jovem e também tudo o que é observado e vivido no contato com ele, buscando compreender a situação, e junto com o adolescente, ambos vão refletir e elaborar formas mais satisfatórias para lidar com os problemas que enfrenta.
Trabalhar em psicoterapia com adolescentes é uma prática diferente do trabalho com as crianças e com os adultos. Em geral, além da fala, são utilizados recursos como desenhos, imagens, jogos, vídeos, estórias e muitas outras possibilidades que adubam a criatividade e estimulam a expressão. Com adolescentes é necessário trabalhar com algo mais palpável e perceptível, menos abstrato, facilitando a conscientização, compreensão e expressão dos sentimentos e ideias.
As sessões de psicoterapia têm duração de até 60 minutos cada, com frequência semanal, o que pode ser ajustado de acordo com a demanda do paciente. Os pais recebem retorno com relação ao processo e são orientados sempre que necessário.
Sara Glória Costa Possamai.